Estudante de direito, jurado do caso Valério Luiz passou mal por ter intolerância à lactose e comer lasanha e estrogonofe

Como o homem não tinha condições físicas de continuar e desrespeitou o isolamento determinado, o julgamento foi dissolvido. Acusação e defesa dizem que estão chateadas com a situação.

O jurado que passou mal durante o julgamento do caso Valério Luiz era intolerante à lactose e passou mal após comer lasanha e estrogonofe. Durante a madrugada, ele, que é estudante de direito, saiu do hotel em Goiânia onde deveria ficar em isolamento para buscar um remédio. Sem ter condições físicas de continuar, além de ter desrespeitado as regras do júri, o julgamento foi dissolvido.

Dissolver o júri significa que o julgamento foi encerrado sem um resultado devido a algum problema. Com isso, um novo julgamento deve acontecer desde a fase inicial, escolhendo novos jurados e ouvindo novamente todas as testemunhas.

Valério Luiz foi morto a tiros em 5 de julho de 2012 na saída da rádio onde trabalhava, em Goiânia. Segundo a denúncia do Ministério Público, o assassinato foi motivado pelas críticas constantes do radialista à diretoria do Atlético-GO, da qual Maurício Sampaio era vice-presidente à época.

O tribunal informou que o jurado, um estudante de direito que não teve o nome divulgado, começou a se sentir mal durante a madrugada desta terça-feira (14). Às 4h15, ele pediu que um funcionário do hotel chamasse um carro por aplicativo para que pudesse buscar um remédio em casa. Depois, voltou ao hotel.

Nesta manhã, o jurado foi ao Tribunal de Justiça e comunicou ao juiz que ainda estava passando mal. Ele foi atendido por um médico, que atestou que ele não tinha condições de continuar no julgamento.

“Tenho uma triste notícia a dar a todos. A nossa sessão, infelizmente, se encerra agora, vou ser obrigado a dissolver o conselho de sentença. Um jurado passou mal e não tem condições de continuar”, disse o juiz Lourival Machado.

O TJ disse que um oficial de Justiça fica no hotel junto com os jurados e que o homem o deveria ter procurado ao começar a se sentir mal. Além disso, informou que havia outra opção de refeição disponível.

O hotel não tinha uma segurança diferenciada devido à presenta dos jurados. “Ressalta ainda que não há necessidade de segurança no hotel, visto que qualquer tipo de ameaça a jurado já invalidaria sua participação, que precisa ser isenta”, diz uma nota do TJ. O órgão disse que, como o júri foi dissolvido, não houve qualquer prejuízo ao processo.

Cinco réus são acusados de cometer o crime: Maurício Sampaio (vice-presidente do Atlético-GO na época), Urbano de Carvalho Malta, Ademá Figueiredo Aguiar Filho, Djalma Gomes da Silva e Marcus Vinícius Pereira Xavier. As defesas de todos os réus alegam inocência.

Frustração

Filho da vítima e assistente de acusação, Valério Luiz Filho disse que o sentimento é de frustração com o novo adiamento.

“Emocionalmente é difícil ficar vindo uma, duas, quatro vezes e ficar sabendo que foi suspenso por um jurado que saiu do hotel. Vamos começar tudo do zero, será um novo conselho de sentença”, disse.

Os advogados de defesa dos réus também lamentaram que o julgamento não foi concluído. “O cancelamento é muito ruim, adia a angústia, adia uma satisfação à sociedade, que nesse caso será a absolvição dos réus”, disse Ricardo Naves, defensor de Ademá, Djalma e Urbano.

Silva Neto, que representa Maurício Sampaio, disse que, caso o jurado tivesse condições físicas de participar do julgamento, não iria se opor ao julgamento continuar.

O promotor do Ministério Público Sebastião Marcos Martins disse que o que aconteceu foi uma fatalidade. Ele explicou que não é possível uma substituição do jurado e o conselho precisava, realmente, ser dissolvido.

“Quando um jurado é sorteado, ele fica incomunicável. O jurado passou mal, teve um problema com alimentação e precisou de atendimento. O médico comprovou que ele não tem condições de continuar”, esclareceu.

Os cinco acusados do crime são:

  • Maurício Sampaio, apontado como mandante;
  • Urbano de Carvalho Malta, acusado de contratar o policial militar Ademá Figueiredo para cometer o homicídio contra o radialista;
  • Ademá Figueiredo Aguiar Filho, apontado como autor dos disparos que mataram Valério;
  • Marcus Vinícius Pereira Xavier, que teria ajudado os demais a planejar o homicídio do radialista;
  • Djalma Gomes da Silva, que teria ajudado no planejamento do assassinato e também atrapalhado as investigações.

Fonte: g1 Goiás

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