Censo 2022 aponta a menor taxa de crescimento anual desde 1872

O Brasil registrou a menor taxa de crescimento anual desde 1872. É o que aponta o Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, o país tinha, em 1º de agosto de 2022, 203.062.512 habitantes. Desde 2010, quando foi realizado o Censo Demográfico anterior, a população cresceu 6,5%, ou pouco mais de 12 milhões de pessoas. Isso resulta em uma taxa de crescimento anual de 0,52%, a menor já observada desde o início da série histórica iniciada em 1872, ano da primeira operação censitária do país. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira.  

Nos 150 anos que separam a primeira operação censitária da última, o Brasil aumentou a sua população em mais de 20 vezes: ao todo, um acréscimo de aproximadamente 193 milhões de habitantes. O maior crescimento, em números absolutos, foi registrado entre as décadas de 70 e 80, quando houve um aumento de 27,8 milhões de pessoas. Mas a série histórica do Censo mostra que a média anual de crescimento vem diminuindo desde a década de 1960. Em 2010, ela foi de 1,17%, portanto, mais que o dobro da taxa atual.  

Marcelo Neri, diretor do FGV Social, afirma que uma das razões dessa queda é que muitas mulheres tomam a decisão de não se tornarem mães, devido ao elevado custo de vida e outros fatores. É o caso de Noemi Pereira, estudante de 47 anos. Ela veio de uma família de 18 filhos.  

“Como eu vi a minha mãe a vida toda com aquela dificuldade, muita criança, meio que você esquece de ser mulher, esquece de tanta coisa porque não tem tempo, devido as dificuldades de educar e a dificuldade financeira, eu, por exemplo, eu me projetei, e eu sempre me imaginei quando criança, eu nunca me imaginei ter nenhum, imagina dezoito né”.  

Já Kelly Domingos, jornalista, teve uma menina com 38 anos. Mas depois disso decidiu não ser mãe novamente.  

“A questão da idade né, que a disposição não é a mesma né, realmente é muito cansativo ser mãe de um bebê, eu já estou com 41 anos, então tem o fator idade, tem o fator também, esta questão, econômica né, uma creche aqui em Brasília, uma escolinha em período integral, em Brasília, a média de preço é acima de 1500 reais, 2500 reais”.  

O diretor do FGV Social, Marcelo Neri, aponta que essa diminuição da população pode se refletir futuramente na força de trabalho.  

“A redução da população vem junto com a redução da população em idade ativa, porque essas crianças que nasceriam na fertilidade maior não nascem, então você começa a ter menos jovens, a população jovem brasileira de 15 a 29 anos vai cair a metade até o final do século, isso significa que você vai ter gradativamente menos pessoas em idade produtiva, numa velocidade forte, só comparado com a China”.  

O Sudeste continua sendo a região mais populosa do país, atingindo, em 2022, quase 85 milhões de habitantes, ou 41% da população brasileira. Contudo, a taxa de crescimento anual da região é a segunda menor desde o Censo 2010, 0,45%, perdendo apenas para a Nordeste, que registrou 0,24%. O Rio de Janeiro, terceiro estado mais populoso do país, se destaca por estar entre os que menos cresceram, com taxa de 0,03%, passando de quase 16 milhões de habitantes para 16 milhões e 100 mil em 2022.  

Outro destaque da pesquisa é uma redução inédita do número de habitantes em metrópoles. No Brasil, em 2022, havia mais de 124 milhões de pessoas em concentrações urbanas, que são arranjos populacionais ou municípios isolados com mais de 100 mil habitantes. Nestas cidades, considerando a redução em números absolutos, aparecem em destaque Salvador, no Nordeste, com diminuição de mais de 257 mil pessoas, e São Gonçalo e Rio de Janeiro, com redução de quase 103 mil e 109 mil pessoas, respectivamente.  

Edição: Raquel Mariano / Beatriz Albuquerque

Fonte: Rádio Agência Nacional

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