O relato do filho da confeiteira Fabiana Matos Rodrigues, com informações sobre tudo o que ele viu no dia em que a mãe morreu após ser baleada por policiais militares, foi anexado ao processo judicial na semana passada. A ação dos PMs aconteceu em 2020, em Inhumas. O menino falou sobre a abordagem com uma assistente social do Tribunal de Justiça de Goiás.
“A polícia apareceu e não falou nada, apontou a arma e atirou no olho da minha mãe, e a [adolescente] pegou no coração. Depois, a polícia me pegou no carro e me levou para minha avó e eu fiquei triste”, desabafou a criança.
O menino contou como os militares chegaram ao carro em que eles estavam, na noite de 8 de outubro. Ele disse que a mãe estava dirigindo devagar numa descida quando a viatura da PM apareceu. Dois policiais se tornaram réus por homicídio.
No dia da abordagem, a confeiteira foi baleada pelos policiais militares e morreu na frente do filho. Uma prima dela também estava no veículo, ficou ferida e sobreviveu. A família denunciou na época que era erro na ação dos militares.
A PM informou que, ao abordar o veículo da Fabiana, os policiais foram recebidos a tiros e houve confronto. O boletim da época conta que os militares encontraram um revólver e 5 kg de maconha com ela.
Ainda na época da ação, um tio da jovem, João Moreira disse que Fabiana poderia ter se assustado com a aproximação da viatura da PM por não ter carteira de habilitação. “O carro era do pai dela. Ele emprestou para ela trabalhar. E ela, por não ter carteira, pode ter corrido”, disse. Ele denunciou, na época, que o material apreendido pela PM não pertencia às sobrinhas.
“Eu vi minha mãe levar um tiro, meu coração acelerou. Eles não pediram para parar, não falou nada, não falou: ‘Levanta a mão’. Só apareceu e atirou. O vidro estava aberto e ele atirou”, detalhou.
Pedido de indenização
A Defensoria Pública de Goiás (DPE-GO) pediu que o Estado seja condenado a pagar R$ 1 milhão ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente de Inhumas. Para o órgão, os depoimentos dos policiais foram contestados por provas técnicas e depoimento de testemunhas e vítimas, por isso, eles pedem o pagamento de danos morais coletivos.
Na ação civil pública, o defensor explicou que os depoimentos dos os agentes de segurança afirmaram que a condutora do veículo tentou atirar contra eles, que revidaram. No entanto, a DPE-GO disse que os depoimentos dos policiais foram contestados por provas técnicas e depoimento de testemunhas e vítimas.
O defensor afirmou que a dinâmica dos fatos está mais compatível com a “violência policial” do que com uma atuação que seria “justificável” por parte dos agentes. Ele ainda chamou a atuação de “violenta” e disse que a jovem, a adolescente e a criança foram “expostos à morte, ferimentos e traumas”.
Fonte e foto: g1 Goiás.